quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

As pessoas não nos pertencem


É duro, principalmente numa relação mãe e filho, ou marido e mulher, mas é a plena verdade. Não adianta se sentir rejeitada, com pensamentos inconformistas, com profundas culpas, choros eternos e lastimas infinitas.
Com o tempo as coisas se transformam e tudo pode ficar muito mais incrível ou deixar de ser maravilhoso, eu não posso exigir que alguém me ame para sempre e mesmo que eu exigisse não teria garantias de sucesso.
Crises de melancolia enceram o meu coração, cultivava a dor de me sentir infeliz, enquanto ele estava aliviado e feliz, eu estava presa a preconceitos sociais de que deveria cuidar do meu filhinho como se fosse um menino sem me dar conta de que ele é um homem feito, tem noiva e quer seguir sua vida.
Caem por terra as crenças machistas de que ele não vai ser cuidado como a mamãe cuida, como se ele fosse um inválido, ou se ele não tivesse percepção de suas escolhas e o sentimento de culpa e raiva invade a mãe do pobre rapaz.
Outras vezes eu me manifesto como aquela esposa cheia de conceitos de amor eterno, mesmo que eu seja atacada, machucada e ofendida, mesmo que eu não seja capaz de exercitar minha independência por proibições infundadas, mesmo que os laços do amor verdadeiro estejam destruídos.
Nós não podemos fazer o que queremos sempre, satisfazer nossos caprichos sempre, infelizmente a vida não existe para nos presentear o tempo todo, devemos aprender nossas próprias lições, não somos incapazes não podemos ter atitudes infantilizadas que buscam 100% de ganhos.
Já diz o ditado “quando o aluno está pronto o professor sempre aparece”, mas nós não estamos prontos para perder, para sair de cena, somos intransigentes e orgulhosos, julgamos inadmissíveis o percurso que a vida nos impôs.
Poxa! Eu desisti da minha vida por causa dele (pode ser pelo filho, pelo marido, pelo namorado), poxa! Se errei foi por amor, poxa! Chega de me condenar, eu mereço ser feliz.
Ninguém nos condena por seguir a própria vida, nós que somos carentes e imaturos em não saber viver de maneira diferente, posso ter uma afeição por você sem precisar ser irracional, impulsiva ou agressiva se você não tiver em mesma sintonia.
Senso de equilíbrio para indivíduos desequilibrados, evitar conflitos herdados na infância, excluir a satisfação de mandar, de ser autoritário sempre impondo ordens, métodos e regras que, obedecidos passivamente, lhes trazem um enorme prazer e satisfação. A vida girando em todo do umbigo e das vontades.
Personalidades submissas tem medo de perda, de recomeços, preferem alimentar neuroses, preferem somatizar doenças psíquicas, preferem se sujeitar a ordens de comando e as confusões mentais de relacionamentos desgastados.
Sempre acham que não agradaram o suficiente, se acham uma decepção, acham que a revolta do outro é sempre válida e que a indignação foi merecida, em troca esperam receber amor e consideração pela obediência executada para sempre.
Iludem o parceiro de que terá tudo ao seu dispor, realiza todos os desejos que vão desde posições sexuais dolorosas a execução de projetos unilaterais que ferem por dentro. Exige obediência a qualquer preço daqueles que os cercam, nunca dizem não, sempre tentando satisfazer o outro, sempre dizendo sim ainda que precise ir as últimas consequências.
Uma hora você faz e dá muito mais do que tem e pode, uma hora você se ver correndo atrás das realizações dos outros, é imperceptível para você seus transtornos afetivos, não consegue se expressar e ter a vida que gostaria. É maltratado mas culpa a si mesmo por isso.
Não usa do sexto sentido ou de noções sensoriais básicas de intuição, consentindo e permitindo que se faça agressões verbais e físicas, colocando todos esses sentimentos confusos em um caldeirão e considerando virtude atitudes inconcebíveis.
A criatura abdica do seu direito em favor de alguém, de uma causa por livre e espontânea vontade, anula-se 100%, confunde direitos e deveres, vontade, obrigação e livre-arbítrio, ressoa com um papel quilométrico de dívida de gratidão, contabilizando todos os atos, atitudes e sofrimentos.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: http://minniiee.blogspot.com

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