terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A madame está zangadinha


Meninas mimadas são muito criativas para conseguirem o que querem, suas mães são coniventes, mentem quando precisam. E quando é de seu interesse. Conquistar o que querem é a meta. Touche!
Eu a subestimei, ela parecia uma patricinha qualquer, mas não. É nenhuma lunática, desorientada, talvez mas não boba, fala de roupas, grifes e fica reparando no modo que nos vestimos, se acha a perfeita no quesito, perna, bunda, coxas, silicone e acessórios. Uma Madame insuportável, daquela que não conseguimos nos aproximar pois o papo da vez e de sempre é futilidade.
Poço fundo no quesito autoimagem, nunca sentiu a vontade de ser mãe para não estragar o corpo. Gasta o que tem e o que não tem com tratamentos estéticos, fora os cremes anti-idade, anticelulite, anti-estrias. Seu instinto natural aflorado é ver defeito nos outros.
Obrigada pela sua amizade, mas eu não consigo ficar nem mais cinco minutos na sua companhia, meu rosto fica incrédulo, eu fico 90% do tempo calada, os papos não se cruzam, eu pouco me importo se você gastou 10 mil no tratamento, sei reconhecer que você está linda e sempre foi.
Fiquei mal-humorada quando ela falou da minha roupa, que as peças não combinavam, logo eu que tinha saído de casa me achando linda, estava com uma vestido básico, uma maquiagem leve e um sapato confortável. O que ela queria era com bom humor contagiar-me a me achar de segunda.
Ela não para um segundo, ninguém se veste a altura, todo mundo tem rugas, péssimos cabelos, um papo que não significa nada para mim. Eu sou a sua tábua de frustrações. Não sou como ela nem nunca serei. Na verdade sou tão única que não me encaixo aos padrões. Curto estar bem comigo mesma.
Eu quero desistir dessa amizade, não que ela não tenha qualidades, tem e muitas, mas é que não temos sintonia, derreto de raiva quando o assunto da vez mais uma vez é voltado para a feiura de quem está ao lado.
Tenho fome de relações com conteúdo, sou adepta de uma boa conversa, adoro atualidades, colocar meus pontos de vista em cima de acontecimentos cotidianos. Então resolvi jogar limpo, dizer tudo que eu pensava e ela não gostou nem um pouco. Ficou me acusando de ter inveja dela, de não ter competência de ser como ela e falou ainda mais, disse que eu não consigo ser melhor.
Relembrou todos os lugares que já fomos juntas e sinalizou o quanto eu fiz vergonha com minhas roupas desapropriadas. Eu fui específica em tudo que eu tinha para viver. Eu não me incomodava com seu jeito, apenas me incomodava com seus julgamentos.
Implorou para mim que ia amenizar nossas conversas, me pediu desculpas e eu resolvi não me importar, não é uma má ideia sair de cena por uns tempos.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://www.revistacarasenomes.com.br





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