Então eis que apareceu um vizinho
charmoso, grisalho, jovem, bonito, chamou a minha atenção de
imediato, tímido. Eu tive que encarar, rir, até que recebi sorrisos e oi.
Fiquei toda besta, parecia que eu era uma colecionadora encontrando mais uma
peça única, seu nome é Carlos, sinto algo impressionante, nunca senti o
coração palpitar assim por um desconhecido, nos encontramos sempre no mesmo
horário, indo trabalhar, cruzamos olhares, outro dia o encontrei no elevador e
a timidez bateu na porta, olhei pro chão os sete andares restantes.
Na rua, na chuva, na fazenda... A
música não saia da minha cabeça, comecei a cantarolar, a perder as estribeiras,
o bom senso, estava totalmente voltada para a minha paquera, tem cara de bom
coração e boa alma.
Ficaria ao seu lado por todo o
sempre, incluindo nos batizados, casamentos, no dia-a-dia, no passeio com a
gata e nas brincadeiras com os hamsters, ele é de hiptonizar. Namoraria a moda
antiga até ele se apaixonar completamente e eu emagrecer vinte quilos, início
de namoro é assim, queremos impressionar o verdadeiro partidão.
Tentando refletir sobre as verdades do
amor, suas formas inusitadas de tocar o coração, o cupido trabalha quando
estamos adormecidos para a paixão e quando menos esperamos a oportunidade bate
na porta com discrição.
Não sei se fui longe demais, ficou na
cara que dei em cima dele, eu sei, ele sabe, os nossos corações sabem que fui
eu que tomei a iniciativa, porém vez ou outra eu parecia indiferente, medo de
levar um fora ou alívio em saber que ele dava jeitos em chamar minha atenção.
Habitualmente ando nervosa eu tento
me entregar à meditação, minha mente anda fervilhando, tem tanta gente que
escolhe seu algoz, tanta gente que na hora de juntar bagagens percebe que não
dar certo, tem tanta gente que acaba relacionamentos porque não se encaixam e
por outro lado eu ando tão feliz sozinha.
Eu não abordei a toa, senti coisas inacreditáveis,
diminui a zanga ultimamente, não tenho certeza de nada, não sei se ele é
incrível como eu penso, mas acontece que sinto um sentimento que só cresce,
algo insuportável e transbordante, diferente e amedrontador de tudo que já
senti. O observo de longe, não bisbilhotei sua vida apesar da minha tendência
curiosa. Vamos ver no que dá.
- Arcise Câmara
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