segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Estávamos nos afastando


Imagem: O Ser em Movimento

Éramos dois estranhos, eu sabia disso e sentia isso, por conta tinha a necessidade de ouvir “eu te amo” era imensa, você me ama? Era pergunta frequente que depois de um tempo foi substituída por “você tem outra?”.

A distância entre nós era maior do que a quilometragem entre Manaus e Porto Alegre, o hábito nos unia, a acomodação também, parecia não fazer sentido tomar a iniciativa para o divórcio, a indiferença já não incomodava, cada um seguia sua rotina, nos tratávamos como irmãos ou bons amigos, falávamos espontaneamente sem ofensas ou alfinetadas.
As viagens eram quase sempre a trabalho, cada um quando viajava orientava o outro para tomar conta das contas e da casa e como sócios dava tudo certo.

O rumo que o nosso casamento tomou tinha um destino, só não tínhamos pressa, não era da minha responsabilidade discutir a relação e ele pensava igualzinho. Chegou o momento que eu carreguei o peso da responsabilidade do nosso relacionamento ter chegado ao quase ponto final, nunca fui a mulher que ele sonhou, nunca tive fascínio pelo romantismo, não me agradava ajoelhar para pedir em casamento, rosas vermelhas nas manhãs seguidas das noites de amor, ou coisa do gênero, meu romantismo se resume a respeito e inteligência, duas coisas fascinantes para mim.
União é um conceito complexo, não definidos em google, incompreensível para alguns corações, estar juntos às vezes significa coração desacelerados sem motivos específicos e palavras certas.

Eu achava que entendia esse sentimento, mas ficava confusa ou iludida, recolhia-me ao meu mundinho, chegou a fase em que éramos desconhecidos. A companhia do ser que um dia foi amado imensamente tornou-se um grande esforço, não queríamos isso, mas sabemos que negligenciamos com muito trabalho, com muito futebol, rock, cinema, amigos, com os cuidados dos filhos e faltou aquela meia horinha para o casal, estávamos sempre cansados demais, abraçamos todas as causas, menos a do coração, separamo-nos muito antes da assinatura dos papeis, anos antes, não nos víamos como antes, estávamos muito preocupados em cumprir rotinas. Não tiínhamos mais tempo para contornar a situação, eram anos de relaxamento total, não dava  para ressuscitar uma relação em poucos dias, havia indiferença, não o conhecia, estava de frente para um desconhecido e foi assim que acabou, culpa da negligência.
- Arcise Câmara

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