quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Enorme desconforto

 
Recentemente perdi uma colega de colégio, não éramos íntimas, encontrava mais a mãe dela do que ela na missa, mas ela fez parte da minha vida,  namorou um amigo, era prima-irmã de outro amigo, estudou na mesma época e assim a vida nos uniu, faz parte do ritual da morte deixarmos reflexivos, no velório o choro contido e incontido, um álibi par, uma questionamento ao “Deus sabe o que faz”: jovem, médica, noiva, feliz, família nota 10.
Eternizei pequenas coisas naquele velório, o quanto ela era querida e amada, as demonstrações de quem ainda não tinha se dado conta da perda, em quem se recusava a acreditar, não existe receitas mágicas para o consolo, ele não vem, muitas vezes nos seguramos na fé, na certeza do paraíso.
Ninguém permaneceu o mesmo depois daquela morte tão prematura, não tinha coragem para dizer: Vai com Deus, estava condenada a pergunta latejante do por que??
A vida é imperfeita, destratamos quem amamos e somos comedidos com quem mal conhecemos, quem nos é íntimo muita vezes tem o pior de nós, nos aprisionamos ao amor, nos impomos a querer mudar a vida de qualquer maneira, tanta gente ruim pras morrer ou então deixamos a correria nos separar, fragilizamos o relacionamento, olhamos com julgamento e nos velórios da vida percebemos que a vida é muito mais que isso, que o amor é imortal, que eu cuidarei para manter a memória dos que passaram por mim, que direi a quem amo todo o meu amor, sem economia de palavras e principalmente de gestos.
Não é da minha conta questionar o tempo de Deus, o que ele elegeu como missão, terapia nenhuma decifra a morte, a ciência não sabe quase nada a respeito, ainda é o mistério dos mistérios, não entendo mas compreendo, entendo como amor, como fase, como cumprimento da jornada conquistada todos os dias.
- Arcise Câmara
 




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