Recentemente perdi uma colega de
colégio, não éramos íntimas, encontrava mais a mãe dela do que ela na missa,
mas ela fez parte da minha vida, namorou
um amigo, era prima-irmã de outro amigo, estudou na mesma época e assim a vida
nos uniu, faz parte do ritual da morte deixarmos reflexivos, no velório o choro
contido e incontido, um álibi par, uma questionamento ao “Deus sabe o que faz”:
jovem, médica, noiva, feliz, família nota 10.
Eternizei pequenas coisas naquele
velório, o quanto ela era querida e amada, as demonstrações de quem ainda não
tinha se dado conta da perda, em quem se recusava a acreditar, não existe receitas
mágicas para o consolo, ele não vem, muitas vezes nos seguramos na fé, na
certeza do paraíso.
Ninguém permaneceu o mesmo depois
daquela morte tão prematura, não tinha coragem para dizer: Vai com Deus, estava
condenada a pergunta latejante do por que??
A vida é imperfeita, destratamos quem
amamos e somos comedidos com quem mal conhecemos, quem nos é íntimo muita vezes
tem o pior de nós, nos aprisionamos ao amor, nos impomos a querer mudar a vida
de qualquer maneira, tanta gente ruim pras morrer ou então deixamos a correria
nos separar, fragilizamos o relacionamento, olhamos com julgamento e nos
velórios da vida percebemos que a vida é muito mais que isso, que o amor é
imortal, que eu cuidarei para manter a memória dos que passaram por mim, que
direi a quem amo todo o meu amor, sem economia de palavras e principalmente de
gestos.
Não é da minha conta questionar o
tempo de Deus, o que ele elegeu como missão, terapia nenhuma decifra a morte, a
ciência não sabe quase nada a respeito, ainda é o mistério dos mistérios, não
entendo mas compreendo, entendo como amor, como fase, como cumprimento da
jornada conquistada todos os dias.
- Arcise Câmara
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