segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Tudo se torna remédio para os tempos difíceis



No mundo em que ninguém quer sentir dor, desconforto, tédio, expurgamos com remédios qualquer sentimento mais ou menos que venha nos visitar, foi-se o tempo em que nossas melhores amigas curavam nossas angustias, ainda existem melhores amigas, mas parece que o efeito para a cura das angustias acabou, está cada vez mais difícil provocar o riso, está cômodo demais anestesiar as emoções.
Eu também me comovi com a facilidade dos remédios, censurar os sentimentos ficou fácil, nascemos para ser feliz então maquiamos a dor e o desamor com remédios poderosos. Ai, ai, ai! Deixamos de sofrer, deixamos de nos sentir só, abrandamos as rugas, tiramos os pés da terra, colocamos ordem nas coisas e ponto.
Precisamos de um nariz novo quando estamos tristonhas. Socorro! Socorro! Às vezes o problema é da alma, do espírito ou algo interno, mas sempre trapaceamos as origens e compramos algo que achamos que nos preenche. Ah, não!
Querendo esfregar nossa felicidade nas pessoas ao redor, queremos a ajuda errada, a compulsão por compras, a cura para todos os males, somos mimadas no quesito sofrer, queremos conserto imediato e com garantias permanentes, queremos a generosidade que os remédios proporcionam, mesmo que ilusoriamente.
- Arcise Câmara

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