No mundo em que ninguém quer sentir dor, desconforto, tédio, expurgamos com remédios qualquer sentimento mais ou menos que venha nos visitar, foi-se o tempo em que nossas melhores amigas curavam nossas angustias, ainda existem melhores amigas, mas parece que o efeito para a cura das angustias acabou, está cada vez mais difícil provocar o riso, está cômodo demais anestesiar as emoções.
Eu também me comovi com a facilidade dos remédios, censurar os sentimentos ficou fácil, nascemos para ser feliz então maquiamos a dor e o desamor com remédios poderosos. Ai, ai, ai! Deixamos de sofrer, deixamos de nos sentir só, abrandamos as rugas, tiramos os pés da terra, colocamos ordem nas coisas e ponto.
Precisamos de um nariz novo quando estamos tristonhas. Socorro! Socorro! Às vezes o problema é da alma, do espírito ou algo interno, mas sempre trapaceamos as origens e compramos algo que achamos que nos preenche. Ah, não!
Querendo esfregar nossa felicidade nas pessoas ao redor, queremos a ajuda errada, a compulsão por compras, a cura para todos os males, somos mimadas no quesito sofrer, queremos conserto imediato e com garantias permanentes, queremos a generosidade que os remédios proporcionam, mesmo que ilusoriamente.
- Arcise Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário