As coisas somem e quando não desaparecem completamente elas aparecem em lugares esquisitos em que gera dúvida se você realmente o pôs lá. Isso é apenas a pontinha do iceberg, isso é mínimos porque além dos desaparecimentos de coisas de uma forma misteriosa você sente que está sendo observado quando não há ninguém por perto, uma sensação ruim de “estão-me-olhando”, ou pior, você sente que alguém tocou em você, ou sente mãos geladas em seu corpo ou você ouve som de passos, essa é fácil você relaciona com o fato de você morar em apartamento e ouvir ruídos de vizinhos.
Já tive muito medo, já morri de medo, mas aprendi a controlá-los, já senti odores desagradáveis, tipo fossa, já incomodei amigos devido a tantos medos, já acendi velas e incensos para espantar qualquer coisa ruim, já coloquei em prática as meditações e rezas para me sentir confortável com a situação. O que havia de errado comigo? Outras pessoas passavam por experiências similares?
As energias não eram perturbadoras, o que era perturbador era meu medo, esse contato estranho ou simplesmente coisas da minha imaginação, bobagens acompanhadas de medo. Comecei a ter pânico, eram as novas circunstâncias, atrofiei meus talentos, não conseguia desligar, não me surpreenderia se o próximo passo fosse ouvir vozes e receber recados, estava emocionalmente abalada, nada estava dando muito certo, estava totalmente exausta, esgotada, fadigada, precisava de alguém que pensasse ou agisse como eu, precisava acreditar que aquilo é mais normal do que parece ser.
Concentrei-me em uma coisa de cada vez, antes que ficasse deprimida, estava disposta a mudar, estava ávida por mudanças e isso consistia na minha também necessidade de mudar. Buscava alegria, amor, compaixão e felicidade, buscava antes de tudo aprender a me amar e deixar para depois as minhas insatisfações quanto à matéria em questão, precisava internalizar que ouvindo passos ou sentindo presença nada disso deveria afetar a minha felicidade verdadeira, de repente essa sensação com algo não humano nos faz sair do foco de si mesmo.
- Arcise Câmara
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