sábado, 6 de julho de 2013

Culpa, raiva e ressentimentos



Sentimentos ruins mantêm nossa vida em prisões auto-impostas, carregamos o peso desses sentimentos se não aprendemos a perdoar, se não nos esforçamos a relevar.  Meu convivo de referências é de um pai ressentido e de uma mãe perdão-fácil. Convivo com pessoas que tem ideologias totalmente diferentes da minha, mas me dou bem com elas, não precisa ser cristão para ser bom coração, aliás, religião não significa boa índole, talvez se a pessoa realmente for religiosa na totalidade, mas tem gente que usa a religião para outros fins. É por isso que as crenças religiosas se multiplicam, entender como a vida funciona e apaziguar os anseios terrenos faz muito bem a alma de qualquer um, desde que tenha fé.
Todo mundo aprende e contribui com quem está ao redor, eu por exemplo, tenho uma pessoa que não vou com a cara. Não curto, não me entra, ela tenta me prejudicar de várias formas e sempre sorrateiramente e pelas costas, então criei nojo, mas eu me enxergo nela, não com seus golpes baixos, mas com o seu tom alto, suas revoltas, seus descontentamentos, a diferença é apenas que ela não é verdadeira e eu sou, digo na lata e sem floreios, não politizo palavras de conforto, falo o que penso sem rodeios.
Somos amigos e íntimos de quem segue o mesmo credo, somos mais simpáticos com quem pensa como nós e isso vem mudando muito na minha vida, não quero impor credo nem bê-á-bá  a ninguém, não quero focar no que desune, quero  me sentir bem, independente do credo e das escolhas individuais de cada um, quero usufruir da companhia de um sujeito maravilhoso, criativo,  afetuoso, gentil, generoso, quero viver a minha vida sem ficar citando passagens bíblicas mas também sem deixar de refletir sobre elas, uma relação interna entre mim e Deus. Não quero imposição, sem aferrar minha crença a ninguém, não quero ser responsável pelas mudanças e conversões, aliás, não sei se precisaria mudar quem está ao meu redor, são pessoas boas, de pensamentos e emoções próprias, doce e bondosas e que vivem muito bem na paz e no amor. Os semelhantes se atraem e eu me sinto atraída por pessoas do bem com ou sem credo.
Às vezes faço do meu cérebro uma lata de lixo, jogo mágoas e aflições, remoo sentimentos negativos, alimento ódio e o desespero, o vício de me sentir vítima das circunstâncias, depois me obrigo a acordar, flutuar, sair da zona do desconforto, zangar-me por ter voltado ao ciclo, por ter acreditado na má sorte, por ter me torturado. Faltava assumir responsabilidades pelas escolhas erradas que fizera, faltava deixar de ser amarga, faltava ressuscitar dos mortos, faltava juntar cada centavo e reconstruir meus sonhos, precisava gritar comigo, ignorar-me, desprezar-me, precisava forçar-me a sair desse comportamento horrível.
- Arcise Cãmara

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