terça-feira, 25 de junho de 2013

O vazio não é cheio



Antes eu não me contentava com o vazio, com a serenidade dos não pensamentos, com o conceito budista do vazio sagrado, mas hoje eu me encaixo perfeitamente nessa filosofia, de que o vazio é contemplativo, que o vazio acalma, preenche, mas não com avalanches de pensamentos e preocupações e sim com a calmaria de não pensar em nada. Como isso é difícil, nossa cabeça funciona a mil por hora, estamos sempre no ontem ou no amanhã, nas preocupações com o outro, inclusive com o que vão dizer ou pensar.
A distração toma conta a cada instante, a mágoa nos alimenta e não precisa apenas sentir mágoa é preciso remoê-la e alimentá-la diariamente, estamos num estado constante de vulnerabilidade em busca de escolhas felizes, na tentativa de preencher o vazio, de ajustar as condutas, impossibilitadas de parar, de frear, de desacelerar. A tendência é estar no plug a 220kw, é intempestivo não estar sintonizado com o celular ligado 24 horas por dia.
As decisões ocorrem a cada minuto, devo continuar meu trabalho ou dou uma pausa? Vou ao toillet ou prendo xixi? Tomo chá de hortelã ou boldo do Chile? Ensino o bêabá ou me comporto dando exemplo? Prossigo ou estaciono? Amo livremente ou me amarro? Inovo ou abraço o comum? Não paramos um segundo, são tantas decisões, muitas escolhidas no automático sem qualquer reflexão.
Podemos escolher a inocência, o amor pela vida, o bom-comportamento, podemos escolher caminhos escuros e tristes, podemos escolher o vazio da paz ou o cheio de superficialidades e preocupações.
- Arcise Câmara

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