quinta-feira, 6 de junho de 2013

Indignação


 Eu me afeto por coisas que não deveria me afetar, eu me irrito por coisas que não deveriam me irritar, eu sinto  naturalmente uma correlação aos vários aspectos da vida, isso inclui a minha, a sua e de quem está a minha volta.
Desrespeito é algo que me tira do sério, filhos que gritam com os pais (às vezes me incluo nessa lista podre), perseguição de amores neuróticos, negligências ocorridas com crianças, insegurança na vida adulta e muita coisa ruim que nos cerca e eu abraçando o lado negativo do mundo, ou pior, fazendo parte dele.
Fico sensibilizada com as proporções do rumo da vida, é tudo tão traumático, antes era apenas cuidado, respeito e atenção e mesmo que esse caminho fosse torno e acontecesse algum imprevisto, não havia processos, nem brigas em tribunais, era tudo preto no branco, sem má fé ou dolo.
Os tons de voz não ofendiam, faziam parte da natureza vozeiral do ser humano, os gestos eram ofensivos, principalmente o dedão do meio, mas nada que me fizesse arrancar sua pele com as minhas unhas, as palavras eram medidas porque havia sim consequências para cada frase mal dita ou “maldita” como preferir. Havia inúmeros gatilhos sensoriais para a boa convivência, desde que isso não implicasse guerra, nem competições.
Hoje, qualquer um perde o controle, os adultos e as crianças, queremos mudar e manipular, queremos desenvolver e ter posse, queremos proteger e vigiar. A tranquilidade deu lugar à ansiedade, o aprendizado deu lugar ao impulso, a compreensão, ainda existe, mas com muito, muito esforço.
A primeira impressão é descartada, a intuição abafada, os véus e as máscaras necessárias para a boa convivência entre seres tido como “iluminados”.
Sou boa e não sou aceita, se não tenho raiva, sou fraca, se tenho gênio forte, herdei de alguém, a culpa é dos ascendentes, sou condenada pelo DNA do passado, serei esse estereótipo para o resto da vida, se recuo, me isolo, se enfrento, atinjo o fígado, se minha raiva ferve não sei controlar meus limites, se espanto fantasmas, me apavoro, se me protejo, quero me blindar, se estou disponível, ando fértil, se estou acessível, quero trazer a tona a minha história.
Quero viajar inteiramente na minha história sem o “se” criado por mim ou por outrem, quero agir em benefício próprio, acalmar a alma, fortalecer os músculos da face, calar-me diante das injustiças, me armar de conhecimento, sobreviver acima das desconsiderações, viver as situações de forma suportável e ser feliz sem indignação.
- Arcise Câmara



Nenhum comentário:

Postar um comentário