sexta-feira, 28 de junho de 2013

Erros de profissional da área de enfermagem


Há algum tempo venho acompanhando nos jornais casos de erros de profissional da área de enfermagem e me pergunto. Porque plantão de 12, 24 e até 36 horas?
Veja bem, eu trabalho 8h/dia sentada numa poltrona executiva, com ar-condicionado em temperatura agradabilíssima e uso o cérebro para as minhas atividades corriqueiras e digo com toda propriedade: 8 horas me matam se eu não levantar para respirar por 3 minutos, tomar um chá e ir ao banheiro, 8 horas em dias de fim de prazo são extremamente estressantes e eu não trabalho salvando vidas, nem ouvindo gritos, gemidos, vendo desmaios, atropelamentos e toda a carga negativa das situações de fragilidade e de ausência da saúde. Eu trabalho com relatórios que podem ser consertados e eu me esgoto fisicamente após 8 horas de jornada.
Com tantos ocorridos, já é hora de rever a rotina dos profissionais da saúde, o mundo de hoje é diferente de 20 ou 30 anos atrás, há mais estresses, mais doenças psíquicas, mais TOC, compulsão, menos qualidade de vida e mais pressão. Tudo tem que ser perfeito senão somos desqualificadas, temos que ser super-homens e super-mulheres, super-enfermeiras, super tudo, e com essa vida no 220 volts não conseguimos. O sono nos domina, o cansaço nos esgota, quantos não dormiram ao volante causando acidentes fatais? Quantos precisam morrer para rever que plantões de horas e horas desgastantes não é bom para ninguém, nem para quem atende, nem para quem é atendido.
É tarde lamentar quando a vida já se foi, é difícil explicar o gotejo de sangue para algo tão simples, porque dobrar plantão? Estamos fechando os olhos às evidências que nos apresentam, é preciso reconsiderar, fazer um estudo técnico apurado, não banalizar vidas perdidas como algo pontual. Não podemos enterrar e esquecer os lamentáveis episódios.
Eu me solidarizo com as mães que perderam seus filhos, com os filhos que perderam seus pais, a cicatriz dessa dor vai ficar para o resto da vida.
- Arcise Câmara


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