Eu não conseguia ver longe, focava no bom-comportamento, mas explodia de raiva ao ponto de desalinhar cabelos e garganta, entoei um fingimento de que aquilo tudo não me abalava, mesmo que minha raiva irracional estivesse gritando por dentro. Contive-me por míseros segundos e curei adormecendo aquele sentimento tão ruim.
Tranquei-me no quarto e esperei a raiva passar, não comi, não contemplei as estrelas muito menos o céu, nem agradeci a Deus pelo belo dia apesar dos pesares estava viva e com saúde, afinal tudo estava bem.
A solução é algo útil para o mundo, a solução sempre existe, mesmo que seja esperar o tempo acelerar, dar tempo ao tempo, esperar que as coisas parem de doer e passem a ser insignificantes.
Estava trabalhando meu mundo interno, mas o externo me atingia em cheio, era tantas justificativas a dar, tantas perguntas a responder internamente, um esforço meritório. O mais abusado dos sentimentos era o perdão. Ô bichinho difícil de lidar, você é cheia de teorias até que você se vê má por não tornar o perdão algo fácil e espontâneo e isso te encuca, te tira o sono. Você tinha perdão e tolerância aos problemas alheios, mas quando foi no seu telhado de vidro... Opa!
Uma avalanche de emoções toma conta: grosseiras confusas, energias desperdiçadas, luz apagadas no coração pulsando por pulsar, feridas abertas, raiva contida, palavras oprimidas, pensamentos tortuosos, tudo inútil para aquele momento
Então, como a vida sempre tem suas esperanças, algo bom ocorreu mudando o cenário tenso para momentos incríveis de atenções especiais, fragrâncias e néctar de flores no escritório. Acabamos nos trancando no quarto e curtindo os bons momentos. Incineramos o passado, maquiamos as cicatrizes e experimentamos o novo ciclo.
- Arcise Câmara
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