sábado, 18 de maio de 2013

Determinação resoluta e absoluta

 


Ou eu faço o que o outro quer ou tchau, a dualidade existente nas relações em que um é o cérebro, o certo, o chefe, o que pensa, age e determina e o outro é o submisso, o que recebe ordens e as cumpre sem ao menos questioná-las. Algo, bem distinto como: eu mando e você obedece ou o famoso manda quem pode e obedece quem tem juízo.

A intimidade entre os dois vira um comportamento de ser superior pondo ordem no ser inferior, ser superior que sabe todos os caminhos e todas as verdades, ser superior que lidera de forma não íntima, que oprime, sufoca, agride emocionalmente ou fisicamente.

O exterior do relacionamento é plausível, ele e às vezes até ela se orgulha de tal prática, ele ou ela foram escolhidos e elegeram inconscientemente o cabeça da relação, não há o que discutir, a palavra final sempre é desse membro da família, mesmo que ele comprometa o orçamento, a vida e a imagem dos liderados. Ele manda e ponto, mesmo sem maturidade para administrar os próprios passos.

O interior da cabeça de quem pensa dessa forma é de pessoas submissas e incapazes de pensar com os próprios neurônios, 99% das vezes dá certo, 99% dos casamentos se mantém e então quem não segue a prática se pergunta: ué, eu que estou equivocada, critico, critico, estou sem um companheiro e ela está lá casadinha, namorando a dez anos e de bem com a vida amorosa, mas que relação não daria certo nesses termos em que o cara faz o que quer e como quer e o outro aceita tudo, qualquer fórmula.

Viaja sozinho, curte o carnaval, gasta o dinheiro da comida com cerveja, compra coisas desnecessárias sem acordos prévios, deixa faltar o essencial, o mínimo para a sobrevivência, não posso generalizar, algumas cabeças pensantes pensam muito bem, apesar de não saírem da sua zona de conforto para decidir em dupla são focados e mantém o sucesso do “empreendimento”.

Pessoas aculturadas que habitam o mundo terreno com as suas filosofias religiosas, convencionais, modistas, machistas, feministas ou sei lá mais o quê e o outro vive num mundo não tão visível, com pouca claridade e se deixando levar por pensamentos e morais alheias. A decisão recai até como a família deve pensar, adoramos isso e abolimos aquilo.

O ser exterior vive à luz do dia e é observado com facilidade, aliás, é tão simples adaptar o outro ao meu modo de vida, ganhar de presente o que sempre desejei escravizar no sentido leve da palavra, em forma de amor e sentimento, mesmo que não sejam tão verdadeiros assim, quem irá desconfiar? Todo mundo sabe como é fácil agradar uma mulher, a mulher se engana pelos ouvidos.

Pessoa pragmática, aculturada, muito humana, feliz, maleável e alegre, não se lamenta nem é melancólica, não sei bem o que é, mas é uma espécie de pote da felicidade, é o centro da realização em pessoa, o ápice da cordialidade, o professor do mundo, suas idéias são verdadeiras e corretas, é o próprio Discovery, luta por cada vírgula, persuade de todas as maneiras, se precisar mente, abafa, bloqueia e chantageia para ele tudo parece simples, para nós também, afinal colocamos nossos pensamentos, nossas ações, nossos projetos, nossos recursos financeiros, nossa inteligência e sabedoria em suas mãos, não apresentamos nenhuma conta, não mudamos itinerários, não abalamos seu eu, seu ego, seu id, não somos um pingo de incômodo, somos plumas e brilho, somos a razão de sua existência. Não conseguimos viver sem eles.

Ficamos deitados inertes, a vida não é mais nossa, apenas sonhando com um amor perfeito, é fácil, difícil é nos anestesiarmos de que talvez não nos recuperemos nunca de nós mesmos. Não teremos opiniões nem vontades, não podemos fazer birra e nem discordarmos. Não nos sentimos dignos e prontos para qualquer desafio, no início estamos a procura de emoção, de uma dose mínima de um antidepressivo “companhia”, ou de prazer ou ainda de sensibilidade psicológica, mas depois colocamo-nos a disposição do outro, do amado, da companhia, da vontade de dar certo mesmo por caminhos errados.

- Arcise Câmara

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